‘Eu libero o perdão para a vida do motorista’, diz pai de menina morta após ser atropelada com a mãe na faixa de pedestre no ES

 

Heidson Fantoni, pai da Laura Beatriz, de 5 anos, falou quando chegou no velório na tarde deste sábado (24). Ele disse ainda que não tem raiva do motorista que atropelou a criança e a mãe dela e depois fugiu do local.

Heidson Fantoni, pai da pequena Laura Beatriz, de 5 anos, que morreu após ser atropelada junto com a mãe enquanto atravessavam uma faixa de pedestre em Vila Velha, na Grande Vitória, falou que perdoa o motorista, mas ainda espera que ele seja preso. A polícia decretou a prisão de Wenderson Fagundes Melo de Oliveira, 20 anos, mas até a noite deste sábado a Justiça ainda não havia acatado o pedido.

“Como eu sou servo de Deus, eu não posso ter raiva do que aconteceu. Naquele dia, fiquei estressado, venho aqui pedir perdão. Eu libero o perdão para a vida do rapaz que causou o acidente da minha filha, que veio a falecer, porque como servo de Deus a gente tem que perdoar para ser perdoado. Então, eu libero perdão pela vida dele”, disse o pai na frente do cemitério.

A criança foi enterrada na tarde deste sábado no Cemitério Santo Antônio, em Vitória. A mãe da menina, Núbia Borges, 36 anos, também foi ao enterro, apesar de ainda estar com ferimentos pelo corpo e aguardando cirurgias. Ela não falou e a família pediu que ela não fosse filmada.

“No momento de raiva, depois do acidente, eu falei coisa que não deveria. A justiça está sendo feita, tanto a justiça divida como a terrestre”, completou o pai.Heidson Fantoni também agradeceu as mensagens de apoio que tem recebido e agradeceu à equipe médica que cuidou da criança nos quase dois dias em que ela ficou internada em estado gravíssimo no Hospital Infantil de Vitória.

“Queria agradecer à equipe do hospital. Deus tem plano pra cada um. A Laura não sobreviveu por quê? por que ela estava com o pescoço quebrado. Não sei por que passei por isso, mas Deus sabe. Tenho que seguir em frente. Continuar firme e forte”, falou o pai.

O pai também falou de quando recebeu a notícia da morte da criança e como foi a despedida junto com a mãe dela.

“Quando eu fui no hospital, minha filha já estava morta. No banho, eu falei: ‘Senhor, eu não quero ver minha filha vegetando, Se for de sua vontade que ela sobreviva, não quero ver ela vegetando. Mas que seja feita a sua vontade. A mãe também viu a criança morta, pegou ela no colo. A equipe médica se comoveu toda”.

Antes de entrar para o enterro, o pai reforçou:

“Não tenho raiva dele (do motorista), da família, nada. Espero que a prisão seja feita. No tempo de Deus, só confiar”.

O acidente

Um vídeo registrou o momento do acidente (assista acima), que aconteceu na noite de quarta-feira (21), no bairro da Glória. A criança estava no colo da mãe quando as duas foram atropeladas pelo motorista, que ultrapassou o sinal vermelho. Ele fugiu do local, chegou a se apresentar na delegacia horas depois, pagou fiança e foi solto.

A mãe da criança, Núbia Borges, 36 anos, chegou a ser internada em Vitória após o acidente. Ela recebeu alta na quinta (22), mas voltou a ser internada horas depois ao chegar ao hospital onde a filha ainda estava. Mara passou mal ao saber do estado de saúde da filha, antes dela vir a óbito.

As duas estavam saindo do Pronto Atendimento da Glória e seguiam em direção ao veículo da família, onde Heidson Fantoni, pai de Laura e marido de Mara, as esperava. Ele estava estacionado do outro lado da via. Testemunhas contaram que o sinal estava fechado para veículos e liberado para pedestres.

No vídeo que registrou o momento do atropelamento, também é possível notar que a Mara Núbia fica sem reação ao ver o automóvel na direção delas. Quando o carro atinge as duas, elas são arremessadas a aproximadamente 20 metros da faixa de pedestres.

Segundo familiares, a situação de Laura era mais complicada pelo impacto ter sido todo na cabeça. Ela chegou a receber duas bolsas de sangue.

O motorista Wenderson Fagundes Melo de Oliveira, 20 anos, se entregou na Delegacia Regional de Vila Velha, mas foi solto após pagar fiança de R$ 1.500. No DPJ, oi autuado em flagrante por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e por não prestar socorro imediato à vítima.

O teste do bafômetro deu negativo, segundo a Polícia Militar.

Motorista falou sobre atropelamento

Em vídeo divulgado pela família de Wenderson, o motorista do Fox preto afirmou que o acidente foi uma fatalidade. O condutor não explicou o motivo de não ter parado quando as duas passavam na avenida. Explicou somente que não parou para prestar ajuda por medo de ser linchado e pediu perdão a família.

E se eu tiver que ficar preso, eu ficarei preso. Se tiver que responder em liberdade, responderei em liberdade, mas eu estou aqui para pedir perdão a todos porque foi uma fatalidade.— Wenderson Melo

 

O pai, Heidson Fantoni, disse que não vai sossegar até ter justiça. Wenderson se entregou uma hora depois do acidente. A Polícia Militar informou que o motorista realizou o teste do bafômetro, que não apontou consumo de álcool.

Porém, o condutor não apresentou o veículo e disse que o automóvel já estava em uma oficina. Alex Melo, pai de Wenderson, disse que o carro passou por perícia dentro da loja.

“Nunca foi minha intenção machucar ou ferir alguém. Espero que fique tudo bem com as duas e eu pagarei por todos os meus erros. Peço perdão. E estou pedindo a Deus que cuide das duas vidas e eu pagarei pelos meus erros, por todos os meus erros. Peço perdão ao pai e a família toda, na verdade. Peço perdão a todo mundo. Eu sei que Deus conhece meu coração”, disse Wenderson em vídeo enviado ao g1.

Pai disse que quer justiça e não vai sossegar

O pai de Laura e esposo de Mara disse na quinta que busca Justiça. Para Heidson, o motorista estar solto é um absurdo.

“Ainda cheguei na delegacia ontem, o cara demorou a chegar, foi com advogado. Agora só quero justiça. Vou correr atrás dos meus direitos, vou procurar um advogado e vou na Justiça, não vou sossegar enquanto não vê-lo preso porque ele se evadiu do local, ele não parou. E no boletim que ele fez lá, ele falou que parou, mas como aglomerou gente, ele pegou e fugiu, mas tem o vídeo, eu estava lá próximo”, desabafou o pai.

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